SALSA Statement Murder of Arnaldo Benitez Vargas (4-30-23)
Declaración de SALSA
Condenando el asesinato de Arnaldo Benitez Vargas y la violencia contra el pueblo Paì-Tavyterã del Paraguay
30 de abril de 2023
[Português em baixo / English below]
Ver la Declaración en formato pdf
La Sociedad de Antropología de las Tierras Bajas de América del Sur (SALSA), organización académica y profesional internacional integrada por profesores, estudiantes e investigadores, condena el asesinato de Arnaldo Benitez Vargas, un líder religioso de Yvypyte, una de las comunidades Paî-Tavyterã más importantes del noreste del Paraguay. El domingo 22 de octubre, Arnaldo fue atacado y asesinado por personas que trabajan a favor de los invasores de las tierras indígenas. Es la tragedia más reciente de una campaña de violencia desatada por ciudadanos paraguayos que intentan sacar a los Pai Tavytera de sus tierras basándose en un título falsificado.
Las tierras de los Guaraní de la Región Oriental del Paraguay están bajo amenaza por la expansión de la ganadería y actividades ilícitas relacionadas al contrabando. En la zona de Yvypyte, en el Departamento de Amambay, la expansión de la ganadería destinada a mercados internacionales ha resultado en la deforestación masiva, no sólo en los linderos de las tierras indígenas, sino también dentro de las tierras de los Paî-Tavyterã. Los invasores han usado topadores para arrasar los cultivos de la comunidad y han dañado la escuela con el fin de intimidar a los miembros de la comunidad.
Yvypyte es una comunidad de vital importancia para los Paî-Tavyterã. Está ubicada al lado de, y protege, el cerro de Jasuka Venda, el lugar que los Paî-Tavyterã reconocen como el lugar de origen, no sólo de los Paî, sino de todos los indígenas. Si los invasores logran sus metas, ninguna comunidad indígena del Paraguay tendrá seguridad frente a los atropellos e invasiones de este tipo.
La Constitución Nacional del Paraguay, señala que las tierras de las comunidades indígenas serán inembargables, indivisibles, intransferibles, imprescriptibles, no susceptibles de garantizar obligaciones contractuales ni ser arrendadas (Art. 64 de la Constitución del 1993). Yvypyte fue formalmente reconocida por lo menos desde principios de los años 1980, cuando el Censo Indígena del Paraguay la identifica como Colonia Nacional Indígena con una extensión de 11.313 hectáreas. Posteriormente, una parte, de 6.000 hectáreas, fue adquirida por el Ministerio de Agricultura como condición para un préstamo del Banco Interamericano de Desarrollo. En aquel entonces, esa área fue titulada a nombre de la comunidad. Sin embargo, el resto de la propiedad aún está pendiente de su legalización.
El Censo Nacional Indígena del 2002 contabilizó a 215 familias y más de mil personas residentes en las nueve aldeas del Tekoha Guazú de Yvypyte. A pesar del derecho legal a las tierras, se registraron unos títulos falsificados en el 2000, en un intento de sacar a los indígenas que viven en Yvypyte (véase el cronograma anexo). Desde aquel momento los Paî-Tavyterã han sido objeto de amenazas, violencia y maniobras legales en las cortes.
En el último año la violencia se ha intensificado. En octubre del 2022, dos líderes de la comunidad (Alcides Morilla Romero y Rodrigo Gómez Gonzáles) fueron asesinados, aparentemente en un conflicto entre la organización guerrillera El Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP) y las fuerzas del orden público. Los informes del diario ABC Color (https://www.abc.com.py/internacionales/2023/10/24/piden-investigar-muerte-de-indigena-paraguayo-en-una-zona-aquejada-por-disputas-de-tierras/, 2 de agosto del 2023)[1] y del sitio web de Cultural Survival (https://www.culturalsurvival.org/news/cultural-survival-calls-solidarity-yvy-pyte-community-pai-tavytera-peoples, 31 de agosto del 2023)[2] informaron sobre ataques, amenazas de muerte y tiroteos. A pesar de las solicitudes de apoyo, el Instituto Paraguayo del Indígena (INDI) no ha actuado para ayudar a la comunidad, y la prensa y las organizaciones de la sociedad civil han recibido amenazas y temen por su seguridad. Hasta la fecha, ni la policía, ni el ejército han tomado medidas efectivas para defender a los Guaraní.
Hacemos un llamado a la comunidad internacional para que apoye a la comunidad Yvypyte en su lucha actual.
Para más información, pueden contactar a Richard Reed de Trinity University ([email protected]).
[expand title=”Declaração da SALSA condenando o assassinato do Arnaldo Benitez Vargas e a violência contra os Paì-Tavyterã no Paraguai” tag=”h2″]
Veja a Declaração em formato pdf
A Sociedade para a Antropologia das Terras Baixas da América do Sul (SALSA), uma organização acadêmica e profissional internacional, que reúne docentes, discentes e pesquisadores, condena o assassinato do Arnaldo Benitez Vargas, um líder religioso de Yvypyte, uma das mais importantes comunidades Paî-Tavyterã no nordeste do Paraguai. No domingo de 22 de outubro, Arnaldo foi atacado e assassinado por pessoas que trabalham para invasores de terras indígenas. Essa tragédia é a mais recente de uma campanha de violência fomentada por paraguaios que buscam retirar os Paî-Tavytera de suas terras, fazendo uso de títulos de terras fraudulentos.
As terras guaranis do leste do Paraguai estão sendo ameaçadas pela expansão da pecuária e por operações ligadas ao contrabando. Na região de Yvypyte, no Departamento de Amambay, a expansão da pecuária destinada ao mercado internacional resultou em desmatamentos massivos não só nas fronteiras das terras da comunidade, mas também nas terras do povo Paî-Tavyterã. Os invasores usaram escavadeiras para destruir os plantios da comunidade e danificaram a escola para intimidar os membros da comunidade.
Yvyptye é de vital importância para os Paî-Tavyterã. Ela fica ao lado e protege as formações rochosas de Jasuka Venda, as quais os Paî-Tavyterã reconhecem como o lugar onde eles, assim como outros povos indígenas, tiveram origem. Se a invasão da comunidade for bem sucedida, nenhuma comunidade do Paraguai estaria a salvo desse tipo de invasão territorial.
A Constituição Nacional do Paraguai estabelece que terras de comunidades indígenas não podem ser divididas, transferidas, ofertadas como garantias ou alugadas (Art. 64 da Constituição de 1993). Yvypyte foi reconhecida formalmente como uma reserva indígena ao menos desde o início da década de 1980, quando o Censo Indígena estabeleceu que ela correspondia a 11313 hectares que haviam sido reservados a uma Comunidade Indígena Nacional. Subsequentemente, uma área de 6000 hectares foi doada à comunidade pelo Ministério da Agricultura como uma pré-condição para um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Naquela época, a área foi titulada em nome da comunidade. Mesmo assim, apenas uma parte daquela terra foi titulada aos Paî, e o resto se encontra pendente de legalização.
O Censo Indígena Nacional de 2002 registrou 215 famílias e mais de mil residentes vivendo em 9 aldeias no Tekoha Guazú de Yvypyte. Embora a terra tivesse sido protegida legalmente, títulos de propriedade falsos foram apresentados como tendo sido registrados em 2000, tendo por intenção remover residentes indígenas de Yvypyte (veja o cronograma anexo). Desde esse momento, os Paî-Tavyterã têm recebido ameaças e sofrido violências, até mesmo com maquinações legais nas cortes.
O ano passado viu uma intensificação dramática da violência. Em outubro de 2022, dois líderes indígenas da comunidade (Alcides Morilla Romero e Rodrigo Gómez González) foram assassinados, ostensivamente, em um conflito entre uma organização de guerrilha, Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP), e as forças policiais do Estado. As notícias divulgadas no ABC Color (https://www.abc.com.py/internacionales/2023/10/24/piden-investigar-muerte-de-indigena-paraguayo-en-una-zona-aquejada-por-disputas-de-tierras/, 2 de agosto de 23) e no site do Cultural Survival (https://www.culturalsurvival.org/news/cultural-survival-calls-solidarity-yvy-pyte-community-pai-tavytera-peoples, 31 de agosto de 2023) reportaram o aumento da violência, incluindo violências físicas, ameaças de morte e ataques com armas de fogo. Apesar dos apelos por ajuda, o Instituto Paraguaio do Indígena (INDI) pouco ou nada fez para dar apoio à comunidade, e membros da imprensa e de organizações sociais civis que estão trabalhando para auxiliar foram ameaçados e temem por sua segurança. Até o momento, nem a polícia nem o exército tomaram medidas eficazes para defender os Guarani.
Apelamos à comunidade internacional para apoiar a comunidade de Yvypyte em sua luta.
Para mais informações, pode contatar Richard Reed de Trinity University ([email protected]).
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[expand title=”SALSA Statement Condemning the Murder of Arnaldo Benitez Vargas & Violence against Paî-Tavyterã people in Paraguay” tag=”h2″]
The Society for the Anthropology of Lowland South America (SALSA), an international academic and professional organization comprised of professors, students and researchers, condemns the murder of Arnaldo Benitez Vargas, a religious leader from Yvypyte, one of the most important Paî-Tavyterã communities in northeast Paraguay. On Sunday, October 22, 2023 Arnaldo was beaten and killed by persons working with Indigenous land invaders. This is the most recent tragedy in a campaign of violence being carried out by Paraguayans associated with efforts to drive the Paî-Tavytera from their land, using claims based on a falsified land title.
Guarani lands of eastern Paraguay are threatened by cattle ranching and smuggling operations. In the region of Yvypyte, in the Department of Amambay, the expansion of cattle for the international markets has resulted in massive clearing not just to the borders of the community’s land, but onto lands of the Paî-Tavyterã. The invaders have used bulldozers to raze the community’s crops and have damaged the school in order to intimidate community members.
Yvyptye is vitally important to the Paî-Tavyterã. It stands beside and protects the rocky outcropping of Jasuka Venda where the Paî recognize they and other Indigenous Peoples originated. If the invasion of the community were to succeed, it would mean that no Indigenous community in Paraguay would be safe from this kind of land invasion.
The National Constitution of Paraguay states that Indigenous community lands cannot be divided, transferred, offered in guarantee or rented out (Art. 64 of the Constitution of 1993). Yvypyte has been formally recognized as an Indigenous reserve at least since the early 1980s, when the first Indigenous Census stated that it comprised 11,313 hectares which had been designated as a National Indigenous Community. Subsequently, an area of 6,000 hectares was purchased for the community by the Ministry of Agriculture as a pre-condition for a loan from the Inter-American Development Bank. Even then, only part of that land was titled to the Paî. The rest is pending legalization.
The National Indigenous Census of 2002 recorded 215 families and over a thousand residents, living in 9 villages in the Tekoha Guazú of Yvypyte. Despite the land being legally protected, false land title claims were registered in 2000, with the intention of removing the Indigenous residents of Yvypyte (see attached timeline). Since that time the Paî-Tavyterã have been menaced by threats and violence and by legal machinations in the courts.
The last year has seen a dramatic intensification of the violence. In October of 2022, two Indigenous leaders of the community (Alcides Morilla Romero and Rodrigo Gómez González) were killed, ostensibly in a conflict between the guerilla organization, the Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP) and state security forces. Reports in ABC Color (https://www.abc.com.py/internacionales/2023/10/24/piden-investigar-muerte-de-indigena-paraguayo-en-una-zona-aquejada-por-disputas-de-tierras/, 8/2/23) and on the Cultural Survival website (https://www.culturalsurvival.org/news/cultural-survival-calls-solidarity-yvy-pyte-community-pai-tavytera-peoples, 8/31/2023) have reported the increase in violence, including beatings, death threats, and gunfire. Despite appeals for help, the National Institute for Indigenous Peoples (INDI) has done little or nothing to support the community, and the press and civil society organizations working to help the community have been threatened and fear for their safety. To date, neither the police nor the army have taken effective measures to defend the Guarani.
We appeal to the international community to support the community of Yvypyte in their ongoing struggle.
For further information, please contact Richard Reed at Trinity University ([email protected]).
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