COVID-19 NA TERRA INDÍGENA YANOMAMI
Laboratório Matula. Instituto De Ciências Sociais da Universidade De Brasília
5-18-20
A rede de Pesquisadores de Apoiadores dos povos Yanomami e Ye’kuana escreveu uma Nota que apresenta um panorama sobre os riscos da Covid-19 entre esses povos. A Nota – a síntese desta está disponível na bio deste perfil – denuncia o descaso do Governo Bolsonaro e o avanço de sua política genocida contra essas pessoas e seus territórios. À Covid-19, somam-se frentes de desmatamento e garimpo. O descuido com servidores infectados e em conter os focos de transmissão na CASAI e hospitais se coaduna com o discurso necropolítico de Bolsonaro.
O histórico de descaso com os povos indígenas coloca-os em uma situação extremamente vulnerável diante dos diversos outros adoecimentos que experienciam e das frentes de ataques a seus territórios e suas vidas. O racismo estrutural que move a máquina estatal em território revela “o poder à margem da lei”, como nos diz o filósofo camaronês Achille Mbembe (2018: 33). Os serviços de saúde dedicados aos povos indígenas apresentam uma “paz” que tende a assumir o rosto de uma “guerra sem fim”.
A conquista do direito à saúde diferenciada por meio do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena que é parte do SUS e foi feito para atuar em territórios indígenas, quando movido pelo governo de Bolsonaro, se torna uma máquina de guerra em pleno território indígena. Viver sob a ocupação do atual governo é experimentar uma condição permanente de “viver a dor”(2018: 68). No lócus fraturado da colonização, os Yanomami provocam a transformação, lutam e mostram que os mortos-vivos não serão eles.