Aldevan Baniwa, que denunciou a falta de testes para Covid-19, morre em UTI de Manaus (4-19-20)
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Manaus (AM) – Aldevan Brazão Elias, de 46 anos, indígena da etnia Baniwa, do Alto Rio Negro, morreu com suspeita de Covid-19 na noite de sábado (18), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, hospital localizado na zona centro oeste de Manaus. Ele era agente de combate às endemias da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), da Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam), defensor da saúde indígena, colaborador de cientistas e escritor. Estava com os sintomas da doença desde o dia 11 de abril e buscou tratamento de saúde em várias unidades públicas. Não foi submetido à testagem do novo coronavírus e chegou a denunciar, nas redes sociais, o colapso nos hospitais, a falta de testes da Covid-19 para os profissionais da área, seu próprio estado de saúde e o desamparo na assistência.
André Brazão, que também é agente de endemias da FVS, disse à Amazônia Real que seu irmão Aldevan Baniwa, como era mais conhecido, chegou a ir trabalhar com sintomas de gripe pois, no primeiro atendimento, no dia 13 (segunda-feira) na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sávio Belota, na zona norte de Manaus, não foi submetido ao teste para o novo coronavírus.
“Na UBS, fizeram um raio-x nele e deu uma mancha no pulmão. Ele estava doente, com sintomas de Covid-19 ou virose há mais de uma semana. Tomava remédio e passava, ele ia trabalhar assim mesmo. Nessa semana, agravou mais um pouco”, disse.
André contou que o segundo atendimento do irmão foi no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, na zona leste da capital amazonense “Na sexta-feira (17), ele retornou à UBS, já num estado muito ruim. Estava muito cansado, a respiração estava falhando e [estava sentido] dor no corpo. O Samu transferiu ele lá para o João Lúcio, onde ele fez uma tomografia do pulmão; passou o dia em observação”.
De acordo com André, a tomografia em Aldevan mostrou lesões no pulmão, características do novo coronavírus. “A tomografia acusou que ele estava com Covid-19”. Foi no Hospital João Lúcio que funcionários da unidade denunciaram, através de vídeos, que pacientes estavam na mesma UTI que os corpos de vítimas, que não foram removidos para necrotérios, conforme publicou o jornal Folha de S. Paulo.